
Dívidas, aumento de calote e recuperação judicial “com abuso” levaram à interdição e bloqueio de contas das lojas Bigolin em Campo Grande.

Os funcionários encontraram as portas lacradas e o aviso que o emprego pode ter sumido da noite para o dia, apesar da novela ter começado há três anos, com o início da recuperação judicial de uma das maiores redes em Campo Grande.
A dívida, que era de R$ 54,7 milhões em 2016, alcançou R$ 88 milhões e o grupo não teria cumprido as determinações do juiz José Henrique Neiva de Carvalho e Silva, da Vara de Falências, Recuperações e Insolvências de Campo Grande.
Foram lacradas cinco empresas do grupo nesta quinta-feira (14): Casa Plena, D&D, Bigolin, Ângulo e Nara Rosa Empreendimentos Imobiliários. O bloqueio de contas bancárias, veículos e imóveis também consta da decisão.
Os administradores alegam que o setor imobiliário está em baixa, altos investimentos em marketing, carga tributária alta para arcarem com as dívidas. De 600 funcionários em 2016, hoje são 350. Parte do 13º salários dos funcionários não foi paga até hoje, além de fornecedores e bancos.
O juiz destaca que mesmo com a alegada crise e dificuldades, os sócios fizeram saques de seus pró-labore (salário de investidores) acima da média anterior. Entre 2016 e 2017 foram R$ 365 mil. Isso quando os lucros tinham valor quase a este. Em 2016, o lucro foi de R$ 234,6 mil e o salários dos sócios chegou a R$ 197, 2 mil. No ano seguinte, o lucro bruto foi de R$ 150 mil e os sócios ficaram com R$ 168 mil.
O magistrado menciona ainda a “venda estranha” de um imóvel de expressivo valor, sem a realização de perícia.
Os prédios, terrenos e veículos devem ir à leilão para garantir o pagamento dos credores, com preferência aos funcionários. A Bigolin tinha três unidades na Capital e duas no interior do Estado.
História
A Bigolin Materiais de Construção iniciou a sua história em Mato Grosso do Sul no ano de 1982. Surgiu em 1955, em Erechim, norte do Rio Grande do Sul. Com o nome inicial de Ferragens Erechinense. Após a divisão, as lojas do Sul não estão envolvidas na falência.
