
É fato que o comportamento do consumidor brasileiro mudou muito durante a pandemia da Covid-19. Buscando entender essas mudanças, muitas empresas realizaram estudos, abrindo margem para alterações também no comportamento empresarial. Por enquanto, o que vem se destacando nesse novo consumidor é o senso de coletividade e a vontade de ajudar localmente.

A operadora de pagamentos Stone comparou os dados de vendas entre 5 de janeiro e 21 de março e entre 22 de março e 17 de abril. O que se viu foram mudanças bruscas em diversas áreas. Como era esperado, os setores de turismo e eventos tiveram grandes quedas, de 94% e 93%, respectivamente. Já o valor gasto com doações foi o que teve o maior aumento, de 192% - o que prova o senso de coletividade que está prevalecendo no momento.
A vontade de ajudar localmente ajuda a manter vivos os pequenos negócios. Desde o começo da pandemia, mensagens incentivando o consumo local vêm se espalhado pela internet, o que abriu oportunidades de divulgação para microempreendedores, que estão tendo as redes sociais como grandes aliadas na busca pela salvação.
Porém, o senso de ajuda também está se refletindo nas grandes empresas. De acordo com uma pesquisa realizada pela Kantar, empresa de consultoria, 25% dos brasileiros esperam que as marcas sejam exemplo para guiar mudanças, 21% esperam que elas ajudem os consumidores no cotidiano e 18% acham que as grandes empresas devem usar o conhecimento e a influência para informar a sociedade.
Todos esses dados se refletem no poder de escolha do consumidor. Hoje em dia, é comum pensar muito bem para onde o nosso dinheiro está indo quando compramos. Isso vem afastando clientes de empresas que não demonstraram tanta preocupação social durante a crise atual e beneficiando as marcas que participam ativamente de atitudes transformadoras.
Outra mudança no consumo é a conscientização das necessidades. Também por conta da crise econômica, os consumidores estão priorizando os produtos básicos e essenciais, em detrimento de gastos com produtos não urgentes, como roupas e cosméticos. Um levantamento da empresa Hibou mostrou que, após a pandemia, 88,4% dos brasileiros pensarão muito melhor antes de comprar qualquer produto, diminuindo muito o consumo por impulso. Uma pesquisa feita pelo portal ReviewBox mostrou que isso já está sendo percebido no Brasil, pois os consumidores estão realizando muito mais pesquisas virtuais antes de fechar uma compra, tanto sobre a loja, como sobre o produto e a marca.
Outra mudança que já está sendo muito sentida é a consolidação do comércio eletrônico. Guiada pelo isolamento social, essa modalidade de vendas está sendo a salvação de muitas lojas varejistas, representando grandes porcentagens dos lucros nas empresas. Em algumas regiões, a quantidade de dinheiro movimentado pelos e-commerces chegou a dobrar. Em geral, durante os primeiros meses de 2020, o comércio eletrônico cresceu 48%, em relação ao mesmo período de 2019.
