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PARAÍSO DO TUIUTI

Vice-campeã, Paraíso do Tuiuti celebra melhor resultado de sua história

14 fevereiro 2018 - 19h24
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A quadra da Paraíso do Tuiuti se transformou em festa após a conquista do segundo lugar no carnaval de 2018 no Rio de Janeiro. A escola azul e amarela ficou apenas um décimo atrás da campeã, a Beija-Flor. A apuração, feita na tarde de hoje tarde (14), mostrou uma disputa acirrada que também envolveu o Salgueiro, terceiro colocado, e a Portela, que terminou em quarto lugar.

Este foi o melhor resultado da história da Paraíso do Tuiuti, que participou do desfile do Grupo Especial apenas três vezes. Para alcançar o segundo lugar, a agremiação precisou superar o acidente do ano passado, quando um carro alegórico colidiu com as laterais da Marquês de Sapucaí, deixando 20 pessoas feridas, uma das quais não resistiu e morreu cerca de dois meses depois. Como também houve incidentes com a Unidos da Tijuca, a União da Ilha e a Mocidade de Padre Miguel, a Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) decidiu suspender o rebaixamento das últimas colocadas no ano passado.

“Quando eu vi a Paraíso do Tuiuti na avenida, eu achava que a escola ia fazer o que fez. E eu nem fui para a Marquês de Sapucaí acompanhar a apuração. Eu vim para cá. Porque eu sabia que era aqui que eu tinha que sentir essa emoção”, disse Jurandir da Silva, um dos compositores do samba deste ano ao lado de Cláudio Russo, Moacyr Luz, Dona Zezé e Aníbal Leonardo. A passista Ana Clara Barcelos Silva mostrou o samba no pé no palco e desceu para a pista emocionada. “Foi o melhor enredo. Minha fantasia foi maravilhosa. Bastante pesada, mas estamos aí para isso”.

Com o enredo Meu Deus, Meu Deus! Está extinta a escravidão?, a escola levou para o Sambódromo um desfile que gerou repercussão em todo o país. “Não sou escravo de nenhum senhor. Meu Paraíso é meu bastião. Meu Tuiuti, o quilombo da favela. É sentinela da libertação”, diz o refrão do samba. Inicialmente retratando a situação de escravos em diversos momentos da história, a Paraíso do Tuiuti também mostrou a exploração de parte da população que ainda ocorre atualmente.

No fim do desfile, a escola levou para a avenida um integrante vestido de vampiro usando uma faixa presidencial. Manifestantes que bateram panelas e saíram as ruas pelo impeachment de Dilma Rousseff foram representados como marionetes com camisa da seleção brasileira, manipulados por mãos enormes. Um discurso em defesa dos direitos trabalhistas apareceu na fantasia de operários que seguravam uma carteira de trabalho gigante como escudo.

Para Jurandir da Silva, a escola atingiu o objetivo de dar visibilidade a problemas do Brasil. “A situação está uma covardia. O que nós estamos passando, o mundo inteiro precisava ver”. A presidente da velha guarda da escola, Vitória Costa concordou. “Nós acompanhamos as redes sociais. Não só no Brasil, mas até em outros países, estão falando de nós”.

A Paraíso do Tuiuti foi fundada em 1954 e sua história começa no Morro do Tuiuti, no bairro de São Cristóvão. Durante grande parte de sua trajetória, a escola foi pouco conhecida. A primeira participação no Grupo Especial ocorreu em 2001, o que só voltou a se repetir no ano passado.

Luciene Barreto Brandão, que desfila na escola há cinco anos, destacou a união da comunidade. “Às vezes, ninguém dá nada pra gente, mas nós mostramos que podemos fazer a diferença e superar as grandes escolas. Esse enredo mexeu todo mundo. Você via as pessoas chorando na arquibancada”, disse. No próximo sábado (14), a agremiação irá se apresentar pela primeira vez no desfile das campeãs, que reúne as seis melhores colocadas do carnaval do Rio de Janeiro. O desfile será transmitido pela TV Brasil e terá, além da Beija-Flor e da Paraíso do Tuiuti, o Salgueiro, a Portela, a Mangueira e a Mocidade.

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