
Ao participar na noite desta quarta-feira (03/06) do “webinar” promovido pela Nuffield International Farming Network, uma instituição de confiança internacional alinhada a conceitos vanguardistas de desenvolvimento sustentável, sobre o tema “Escala vs Escopo: Como Desenvolver o Negócio Agrícola Gerindo Risco”, o produtor rural e secretário estadual de Governo e Gestão Estratégica, Eduardo Corrêa Riedel, defendeu a diversificação da atividade rural para o fortalecimento do agronegócio brasileiro e citou como exemplo a Sapé Agropastoril, empreendimento do qual é sócio-proprietário e que atua na produção de carne bovina, aves, cana-de-açúcar, grãos e leite no município de Maracaju (MS).

Considerado umas das 100 personalidades mais influentes do agronegócio brasileiro, Eduardo Riedel foi um dos painelistas do “webinar”, transmitido ao vivo pelo canal da Nuffield no Youtube, ao lado do CEO da Radar S/A, Henrique Americano de Freitas, que gerencia um portfólio de terras agrícolas no Brasil e Chile, e do gestor agronegócios Artur Falcette, que é diretor-executivo da Sapé Agropastoril. O debate teve como moderador o jornalista Ericson Cunha, que é voluntário da Nuffield desde 2017, já trabalhou no Canal Rural em programas voltados para mecanização agrícola e atualmente é editor de conteúdo do site Notícias Agrícolas.
Os riscos
Segundo Eduardo Riedel, a atividade agropecuária tem vários riscos, como as outras atividades econômicas. “Na Sapé Agropastoril, além de procurar a boa gestão para minimizar o risco, buscamos a diversificação como parte do processo de crescimento da empresa, focamos na diversificação, que por si só é um grande desafio. Temos de destacar a beleza da diversidade de gestão do agronegócio brasileiro, umas são mais homogêneas, outras heterogêneas, mas estamos convictos da estratégica de diversificação para mitigar riscos. Porém, precisamos também pensar em um horizonte mais à frente, até onde é sustentável essa diversificação, pois, em 100 anos, a pecuária de corte e a agricultura mudaram muito, ambas trouxeram um sistema mais sofisticado e mitigador de riscos. Avançamos nesse propósito de minimizar riscos sem perder a competitividade, esses são os pontos centrais que norteiam as nossas ações na Sapé”, pontuou.
O produtor rural reforça que, ainda sobre a diversificação, é preciso ficar alerta com a gestão, pois se trata de um processo evolutivo, mas se o gestor não tiver maturidade, o risco aumenta muito. “Sobre os sistemas produtivos adotados, há plataformas de gerenciamento específico, cada propriedade terá de encontrar o melhor modelo. Quando incorporei a integração agricultura-pecuária na Sapé, o processo de maturidade da gestão permitiu que tivéssemos as informações necessárias para obtermos bons frutos. Hoje em dia, na integração da agricultura com a pecuária não se houve mais falar que uma não combina com a outra, já é comum, não há mais barreiras culturais e isso foi construído ao longo dos anos. O perfil dos colaboradores só tende a ganhar nesse tipo de integração, não é da noite para o dia que se implanta uma diversificação da atividade, ela precisa ser construída ao longo do tempo, vai se adequando a uma cultura que se imprime dentro do negócio”, ressaltou.
Maturidade
Eduardo Riedel acrescenta que não dá para sair diversificando a produção agropecuária a partir do nada. “É preciso ter maturidade, a partir de conhecimento e excelência você constrói a sua própria diversificação. O pequeno produtor rural também pode diversificar sua produção e, no Sul do Brasil, temos bons exemplos de pequenos produtores que diversificaram sua produção dentro da escala deles. Por isso, acredito que sim, o pequeno pode sim avançar na diversificação, mas dentro da realidade local, para aquilo que se deseja produzir, no ambiente que lhes permite. Não acho que seja só em termos de tamanho de hectares, mais em um conjunto de fatores do grupo que está à frente do negócio do que de uma questão do tamanho da propriedade”, avaliou.
O secretário estadual de Governo e Gestão Estratégica explicou que não é para confundir escala com tamanho. “A atividade agropecuária pode sim diversificar, há possibilidade sempre analisado o tamanho da atividade, passamos por isso na Sapé, em 2007, quando começamos o plantio de cana de açúcar. Somente agora, em 2019, que iniciamos a operação mais pesada, ou seja, depois de 12 anos produzindo cana sem a operação pesada. Essa especialização veio com o aprendizado, avaliamos a escala para a tomada dessa decisão”, aconselhou.
Empresa familiar
Na questão de redução de custos, ele ressaltou que, na experiência da Sapé Agropastorial, a atividade agrícola de grãos com as pecuárias de corte e de leite têm mais complemento do que a de cana de açúcar, que fica um pouco distante dessa interação do ponto de vista produtivo. “O simples fato de a empresa operar isso já traz uma outra percepção, um ganho e um aprendizado para todos que atuam de maneira geral no negócio”, analisou.
Eduardo Riedel ainda fez questão de destacar que é de uma família sul-mato-grossense e que sua mãe nasceu aqui no Estado. “Temos a nossa propriedade rural desde 1870, quando a região recebeu imigrantes de Minas Gerais e Goiás para ocupar a área depois da guerra do Paraguai. Quando acabou a guerra, aqui virou Brasil e a política foi de ocupar o território, somos oriundos dessa migração. Vivemos todas as etapas do agronegócio brasileiro, sou a sexta geração da família neste negócio, acompanhamos todas as fases da história do agro nessa região. A Sapé é uma empresa agropecuária concentrada em Maracaju e assumi o comando dela aos 24 anos de idade. Teve uma transição do agro brasileiro, de 95 até 2020, a transformação foi impressionante nesse período e nós participando desse processo, todos os riscos e todas as lágrimas, participamos de toda essa história”, finalizou.
Sobre Nuffield
A Nuffield International Farming Network é uma instituição e network de confiança internacional alinhada a conceitos vanguardistas de desenvolvimento sustentável, focada na capacitação de líderes e na excelência do agronegócio em qualquer que seja o país, propondo a troca construtiva de ideias em detrimento a barreiras nacionalistas. A Nuffield foi criada na Inglaterra em 1947 com o intuito de estimular a produção de alimentos e o aproveitamento das terras naquele país.
Hoje a organização tem operação em 12 países (membros ou associados), é representantes em mais 25 países, bem como uma administração internacional central e soma mais de 1700 participantes ao redor do mundo. Grande parte do sucesso da Nuffield é gerado através de trabalhos voluntários dos nossos associados, atraindo recursos financeiros para investir em busca de soluções para o setor do agronegócio e também para a sociedade como um todo.
